domingo, 18 de dezembro de 2011

O Décimo Terceiro mês no Shopping Center.

Sai e entra
Entra e sai
Sobe e desce
Desce e sobe
Saltos equilibrando
Saltos desfilando
Sorrisos elegantes
Outros extravagantes
Momentos registrados
Outros impensados
Crianças deslizando
Pessoas imaginando
Olhares curiosos
Outros ociosos
Vai e vem
Vem e vai
Sacolas vão
Sacolas vem
Vitrines deslumbrantes
Encontros importantes
Casais apaixonados
Meninos mimados
O proibido não proibido
O não proibido proibido
Felizes endividados
Endividados felizes
O Décimo Terceiro mês
Shopping Center é hora e vez...

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Barriga cheia.


-Oh, meu amor!
Amamos-nos tanto que não vejo outra saída.
Vamos nos casar?
-Claro benzinho.
Por que esperar?
Tudo ia bem.
Bem daqui. Bem de lá.
Ops. :
-Benhê estão batendo palmas no portão!
-Já estou indo querido.
-Gostaria de falar com a senhora Amorzinho.
-Sou eu.
-Dona Amorzinho, só vim aqui mostrar minha barriga que o seu marido encheu.
-Benhêêêêêêêêêêêêêêê!

Testemunha dos segredos.


 
Lá está o Rei, belo e formoso, aquecendo os corações. Majestoso ele espalha sua magnificência sustentando a natureza.
Vem chegando a Rainha, a Dama da Noite, destilando sua formosura e clareando a escuridão.
        O Rei abandona o trono e nele se senta a mais bela de todas. Nem mesmo as estrelas conseguem ofuscar o brilho da Rainha dos boêmios.    
        Casais apaixonados escondem seu amor proibido, mas lá está ela como testemunha das paixões.
        Desiludidos embriagam-se por falta de esperança, deliram e dormem ao léu e não vêem a mais bela das damas.
        Por um momento parece que a lua se esconde e um casal de amantes se envolve em um beijo ardente como se fossem apenas um, mas subitamente ela aparece e flagra a cena do amor proibido.
        Ela é testemunha dos amores impossíveis, dos amores etenos, dos desejos momentâneos e dos inebriados que andam de um lado para o outro, sem terem o que fazer, até que o Rei apareça e os desperte da insensatez.
Pelo menos ela não pode contar os segredos dos desatinados e dos apaixonados corações!

       

Controvérsia de pensamento.


Num terminal de ônibus, de dentro da condução, estava eu a observar uma senhora. Em seu rosto a expressão abatida pela idade e nas rugas a deformação do sofrimento. Carregava em seu ombro um saco contendo pacotes de alimentos que, certamente, ela havia esmolado por aí e o segurava arrastando-se com tão enorme peso.
Devia estar tão cansada que resolveu sentar-se em um banco deixando o saco de alimentos ao seu lado.
        Os olhos daquela senhora fitaram, repentinamente, os meus e não vi neles brilho algum, pois, por certo ela não vivia mais, mas sim, sobrevivia com suas angústias e fardos carregados por toda sua existência enquanto esperava o grande momento em que a vida lhe trouxesse a paz eterna.
        Muito me comoveu essa cena que resolvi deixar aqui relatada e também guardada em meu coração.
        Pobre senhora! Era mais um ser no meio daquelas pessoas que, apressadas, iam e vinham sem a perceber. Era alguém sozinha no meio da aglomeração.
        Enquanto isso o ônibus em que eu estava foi me distanciando daquela cena, mas muitas perguntas me vinham à mente.
        Seria aquela senhora uma viúva desamparada? Teria ela filhos? E se os tivesse porque permitiam horrenda condição. Por que não a acolhiam em seus lares e lhe davam a felicidade de que ela tanto precisava em seus, talvez, últimos dias na terra. Não teria ela netos que a abraçasse oferecendo - lhe carinho e agraciando-a com suas presenças, aos domingos, correndo o dia todo por seu quintal, arrancando as flores que ela plantava e gritando pela casa.
        ...Bem... Não vou ficar imaginando mais nada a respeito dessa senhora.
        Pode ser que minha sensibilidade não me permitiu ver em seus olhos que, a seu modo, ela poderia ser feliz.

domingo, 11 de dezembro de 2011

RESENHA:O mito de Medéia adaptado pelo cineasta Lars Von Trier.


A adaptação de Lars Von Trier, da peça Medéia de Eurípides, conta a história de uma mulher desesperada e abandonada, mostrando toda a sua terrível vingança.
Conforme a mitologia grega, Medéia foi uma feiticeira filha do rei da Cólquida, que se apaixonou por Jasão, filho do rei de Iolco.
Apaixonada, a princesa da Cólquida ajudou Jasão, com seus encantamentos, a apoderar-se do Tosão de Ouro, depois fugiu com seu amado e para retardar a perseguição matou seu próprio irmão, espalhando seus pedaços pelo caminho. Eetes, pai de Medéia, retardou-se a colher os pedaços do filho.
Chegando a Iolco, Medéia procurou vingar-se do rei Pélias, que havia imposto a Jasão a tarefa de ir buscar o Tosão de Ouro. Para isso, persuadiu as filhas do rei de que seria possível fazê-lo rejuvenescer. Despedaçou um carneiro velho, cozeu-o numa poção fervente e o fez reviver sob a forma de um tenro filhote. Convencidas, as jovens cortaram o pai em pedaços e mergulharam-no na poção. O velho, porém, não ressuscitou.
Por causa desse crime, Jasão e Medéia foram expulsos e fugiram para Corinto, junto ao rei Creonte. Esse rei ofereceu sua filha Creúsa a Jasão, que aceitou o presente repudiando Medéia e fazendo com que ela fosse expulsa do país.
Antes de partir, a feiticeira se vingou de Creúsa e Creonte provocando a morte de pai e filha, matou os próprios dois filhos que tivera com Jasão, fugiu para Atenas, em um carro puxado por cavalos alados, que havia recebido do Sol e casou-se com Egeu.
Entre tantas outras tragédias, Eurípides (485 a.C.) escreveu sobre o mito de Medéia e toda a sua força dramática exercida pelo conflito passional e todos os problemas que atingem a personagem em seus relacionamentos humanos e em seu próprio interior.
Ao adaptar a tragédia de Eurípides para o cinema, em 1987, o cineasta dinamarquês, Lars Von Trier, reproduz todo esse drama vivido pela princesa da Cólquida.
Von Trier se utilizou de cores escuras que foram muito importantes para a narrativa da vida de uma personagem da mitologia grega, que teve sua vida marcada por conflitos e atitudes consideradas terríveis e de caráter frio e violento.
A morte de Creonte e Creúsa é apresentada com toda a sua fúria, quando Medéia pede que Jasão leve seus filhos e que um dos meninos entregue um presente a princesa e futura esposa de Jasão. Creúsa recebe uma coroa e ao colocá-la sofre toda a causa do envenenamento. Seu pai, ao vê-la agonizando, tenta ajudá-la e morre com a filha.
O filme mostra como Medéia foi a protetora de Jasão, mas também a causa da sua desgraça, pois ao matar seus filhos ela o atinge em seus sentimentos mais profundos. A paternidade era algo considerado de muito sagrado para um homem. Ao se deparar com seus filhos mortos, pendurados em uma árvore, ele percebe o quanto foi inconsequente e o que essa sua inconsequência causou.
Essa cena é retratada de maneira que Jasão, ao se deparar com o inesperado, começa a dar voltas enlouquecidas, pela floresta, demonstrando o quanto está perdido e enlouquecido em seu próprio pensamento.
Medéia, no entanto, solta os cabelos e, diferente do que conta a mitologia, segue sua vida ao lado de Egeu, ao qual promete lhe dar filhos.
Percebemos, portanto, o quanto a transcrição do mito é importante para retratar os problemas sociais relacionados ao casamento, a condição do estrangeiro e da mulher na sociedade, já que Medéia era uma mulher vivendo numa terra que não era a sua e carregando consigo a dor de ser repudiada e não ter a quem recorrer.
Enfim, é um filme que requer uma grande atenção, por parte do telespectador, que precisa estar atento aos acontecimentos e ter um conhecimento sobre o mito de Medéia, a fim de perceber o interior da personagem e poder fazer uma leitura minuciosa de suas atitudes.


REFERÊNCIAS


TRIER, Von Lars. Medéia. Dinamarca, 1987.

Dicionário de mitologia Greco-Romana. São Paulo: Abril Cultural, 1976.

EURÍPIDES. Adaptação; DEZOTTI, Dejalma José. Medéia. Araraquara: UNESP, 2002.

Memorável.


Uma coisa ainda penso
Esse sentimento tão intenso
Que me dói dentro do peito
Insiste em não ir embora
E lentamente me devora.

Entre um pensamento e outro
Uma coisa ainda penso
Como se da vida fosse o sopro
Que não me deixa morrer
Mas acabrunha meu viver.

Entre uma e outra flor
Esse sentimento tão intenso
Deixou aqui cruciante dor
Uma rosa com os espinhos feriu-me
Não me deixa o pensamento vil.

Entre o certo e o imperfeito
Acorde do tum - tum no coração
Que me dói dentro do peito
Não se extinguem as lembranças
Dos fracassos e desesperanças.

Entre os segredos que tive
Insiste em não ir embora
Essa tristeza que aqui vive
E o sono sempre me rouba
Gruda-se em mim como uma sombra.

Uma coisa ainda penso
E lentamente me devora
Esse lamento é tão propenso
Lamúria que chora a minha alma
E aos poucos leva minha calma.

Retrato de uma vida.


Aquele rosto em preto e branco
Num porta-retrato sobre a estante.
Nele o passado de um presente
Pela vida o ar do desencanto.
Aquele semblante abatido
Os olhos movendo-se por um momento.
Continuam ali desiludidos
Tentando desviar o sofrimento.
O sorriso que não pode se abrir
A tristeza conivente eterna
Uma lágrima que desistiu de cair
Vida que não quis prosseguir.
Flores sobre o colo deixadas
Não têm vida, natureza-morta.
Tantas fotos ali espalhadas
Com aquela ninguém se importa.
Projetei o mesmo retrato, sorrindo.
Na parede da sala emoldurado
Bem no meio dum jardim florido
O meu presente ficará representado.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Nunca deixe de sonhar.


Nunca deixe de sonhar
Sentado à beira de um rio
Onde perguntas sem respostas
No ar começam flutuar
Tudo fica sombrio.
... E a consciência cobrando
Até que tudo vai florindo.
Acompanhado apenas da natureza
Ali, olhando para o céu.
As respostas surgem com clareza
Não nos deixam ao léu.
Nunca deixe de sonhar
Mas sente-se à beira de um rio
E a natureza vai se encarregar
De acalmar seu calafrio.

Um Sentimento.



... E de repente, um copo cheio de um sentimento que não sei o qual, escapou das minhas mãos, quebrando-se em muitos pedaços.
E ali estava eu, juntando os cacos, vendo o meu sangue escorrendo entre os dedos.
Levantei, com todos os pedacinhos nas mãos, e fui à procura de algo que colasse o meu copo.
Pensei na mágoa, mas ela iria ferir-me ainda mais.
Lágrimas! Essas jamais colariam qualquer coisa.
Então, fui buscar bem no fundo do meu coração todo o orgulho existente. Ele sim, colou meu copo, de tal maneira, que até parece obra de arte.
Deixei-o enfeitando minha sala, e cada vez que o vejo penso o quanto sofri para que hoje esse copo, que um dia esteve cheio de um sentimento que eu não sei o qual, tenha tanto valor para mim.



Críticas.


Mas o que é isso companheiros?
Vamos acabar com essa grotesca prosa
Lá vai o avião, relaxa e goza.
E nós por que não embolsamos mensalão?
Só nos prometem vinho e pão.
Tem Ministérios até de banho e tosa.
Lava-se dinheiro e corta-se a rosa.
Trabalham stressados os senadores.
Recebem os coitados por apoucados favores.
E pra resolver essas barbarias
Almoçam rapidinho as secretárias.
Aonde foi parar aquela grana?
Encontraram na cueca do sacana.
A quantas andam as CPI’s ?
Foi o apagão! Eu não quis...
Ele não sabe de nada. È inocente.
Vê-nos lá do alto todo contente.
Deixa o homem trabalhar
Deixa o homem voar.
Roubaram ao seu lado e ele não viu
Iriam provar, mas o grampo sumiu.
Lá no morro não se pode entender
È polícia ou ladrão, quem vai prender?
Temos que abolir essa prosa
Aderida do Ministério Relacha e goza.
Necessitamos de uma Bolsa Segurança
Carecemos continuar nossa andança...
Mas o que é isso companheiros?

Tipos de homens.



Existem “homens” de todos os tipos.
Os que se acham sempre capazes.
Os que pensam que podem modificar pensamentos.
Os que se julgam fortes.
Os “machos” que não choram.
Os bêbados conselheiros.
Os que adentram e dizem: Cheguei!
Há os felizes em distribuir infelicidade.
Machões pensando que mulher é propriedade.
Arrogantes que todos fingem aturar.
Pobres podres de espírito.
Ricos em ternura e gentileza.
Colecionadores de cara metade.
Procriadores de plantão
 Trabalhando pra pagar pensão.
Os sensíveis agressivos.
Os que nunca encontraram emprego.
Os que bebem, mas “não são viciados”.
Meigos que não querem ser judiados por mulheres.
Ah! E também os mentirosos
Que não se adequaram a nenhum
Dos tipos mencionados acima.

Fantasias.



...Mas um fim de tarde e a esposa chega à casa cansada.
-Querido! Por que tanto arruma esse armário?
Pode ir pro seu trabalho que eu continuo arrumando tudo.
-Não meu anjinho. De jeito nenhum.
Você sabe que gosto que tudo fique do meu jeito.
Logo o marido, dentro de um suntuoso terno,
Retira-se para trabalhar, como todas as noites,
E a mulher toda orgulhosa põe-se a pensar:
-Como é bom ter um esposo tão organizado!
Levantando-se da cama a mulher
Vai apreciar a proeza do maridinho
-Nossa! Quanto porta-ternos!
Coitadinho. Ele nem imagina
Que os ternos podem mofar aqui dentro.
A mulher começa a abri-los e...
-Hum! Uma fantasia de odalisca!
Enfermeira, Mulher Maravilha,
Mulher Gato, calçinha de pompom...
Safado! Até chicote e algemas.
Ele não queria que eu estragasse a surpresa!
Mas se trabalho durante o dia
E ele durante a noite
Quando poderei realizar
Todas as fantasias dele?





A luta pelo chão.


É o da Silva, o João e o José.
Juntos com das Dor, a Maria e a Zezé.
Seguem andando por essa estrada a pé.
Levando crianças, esperança e fé.

Olhe esses infelizes felizes, meu Senhor.
Que encontrem nessa terra o seu labor.
Andem filhos do da Silva e da das Dor.
Colham logo em frente aquela flor.

Não chorem, nem se culpem João e Maria.
A morte do menino que não via.
O Banzé estava lá enquanto ele ia.
Desesperado o coitado só latia.

Não tem descanso a barriga da Zezé.
Lembra o nome de cada filho, pai José?
O moleque não ficou ainda em pé.
Agora vem a menina, tenha fé.

Logo a terra prometida encontrarão.
De alimento e de água se fartarão.
Todos sabem que plantando colherão.
Sigam companheiros, lutem pelo chão!
        

RESENHA: “As troianas” de Cacoyannis.


O filme “As troianas”, 1971, de Michael Cacoyannis, um dos mais importantes diretores do cinema grego, apresenta uma releitura da tragédia grega de Eurípides, 484 a. C. e reúne um elenco de grandes atores.
Katharine Hepburn encarna com grande perfeição a rainha Hécuba. Vanessa Redgrave, que atuou em Missão Impossível (2000), faz Andrômaca. Genevieve Bujold é Cassandra. Irene Papas, uma das grandes estrelas do cinema grego, faz Helena e Patrick Magee é Menelau.
No início do filme, Hécuba, a rainha de Tróia, aparece deitada entre os escombros lamentando a morte do seu esposo, o rei Príamo, dos seus filhos, e a destruição do seu reino. De toda essa destruição o que resta de Tróia são as mulheres, sendo que toda a história gira em torno do sofrimento da rainha Hécuba e das princesas Cassandra, Helena e Andrômaca.
Em meio a esse sofrimento, a câmera foca a rainha troiana levantando-se, enquanto fala consigo mesma, como se não lhe restasse mais nada.
Hécuba, auxiliada pelas mulheres troianas, que em coro lamentam a queda de Tróia, anda entre os escombros sofrendo e lamentando até que Taltíbio, o arauto encarregado de diversas missões durante a guerra, anuncia o destino das troianas.
Cassandra, filha de Hécuba e Príamo, será entregue a Agamenão, irmão de Menelau, como sua concubina.
Vale ressaltar que, conforme a mitologia grega, Cassandra recebera de Apolo, deus da luz, o dom da profecia, mas a moça teria que unir-se a ele. Ao recusar-se a cumprir sua promessa, Apolo retirou de Cassandra o dom da persuasão e, com isso, ninguém daria ouvidos às suas previsões.
Portanto, no filme, enquanto Cassandra expressa suas previsões, relacionadas ao futuro dos integrantes da guerra, as mulheres lamentam sua suposta loucura.
As demais troianas também tiveram seus destinos escolhidos pela sorte e servirão de prêmio para os vencedores.
 À Polixena, também filha de Hécuba e Príamo, coube o destino de ser sacrificada diante do túmulo do guerreiro Aquiles, o qual matara seu irmão Heitor.
Hécuba pertenceria a Odisseu, rei de Ítaca e responsável pela construção do cavalo de madeira que inseriu os gregos a cidade derrotada.
Helena, a rainha de Esparta é levada ao rei Menelau, o qual ela havia abandonado para fugir com o príncipe Páris.
Enquanto Hécuba acusa Helena pela destruição da cidade, a rainha espartana defende-se e acusa a própria Hécuba que, juntamente com seu esposo, o rei Príamo, recusou-se a fazer cumprir o destino previsto pelo oráculo e que estava reservado ao príncipe.
Conforme a mitologia grega, o oráculo previu que o menino deveria morrer para que os problemas causados pelo romance dos dois, não levassem a destruição de Tróia.    Até mesmo Afrodite, a deusa do amor, é apontada como responsável por tê-la obrigado a seguir Páris.
Enfim, depois do jogo de acusações, Menelau decide que Helena será levada a Grécia onde será castigada. Essa decisão não aconteceu, pois, conforme a mitologia grega, o rei perdoa sua bela e astuta esposa.
O momento de maior sofrimento, de Hécuba e Andrômaca, acontece quando Taltíbio lhes dá a notícia de que Astianax, filho de Heitor e Andrômaca, não poderá acompanhar a mãe até o destino que lhe fora imposto.
Conforme Taltíbio, o menino deverá ser atirado do alto das muralhas para que não reste nenhum herdeiro de Tróia.
O sofrimento é sempre enfatizado pelo coro das troianas que, em função dos acontecimentos, vão expressando as aflições das personagens.
O corpo de Astianax é entregue, pelo arauto a Hécuba, juntamente com o pedido feito por Andrômaca, que está rumando ao seu destino, de que seu filho tenha um enterro digno.
A rainha e as troianas se despedem do menino, em meio a muito pranto e lamentação, e é possível observar as últimas esperanças da rainha indo embora juntamente com o herdeiro de Heitor.
Cacoyannis manteve uma proximidade bastante relevante em relação à tragédia de Eurípides. Uma delas é a participação das mulheres, que fazem o papel do coro, tendo a função de enfatizar o sofrimento da rainha e das princesas.
Uma das diferenças entre a obra de Eurípides e o filme de Cacoyannis é que Eurípides inicia sua história com um diálogo entre os deuses Poseidon, deus do mar, e Atena, deusa da guerra, a qual defendera os gregos, mas que se revoltando com os vencedores, por ter seu templo, acidentalmente, destruído durante a guerra, resolve puní-los.
Segundo a mitologia grega, esses deuses tramam uma vingança que contribuirá para a destruição dos humanos.
Cacoyannis apresenta uma leitura voltada para a ação humana.
 Para direcionar a recepção, uma voz narra os fatos relevantes à compreensão do filme e situa o telespectador no tempo e no espaço da história.
Dessa forma, enquanto o telespectador vê as troianas seguindo, cada uma em direção ao seu destino, em meio à destruição, o leitor é levado a imaginar a cidade de Tróia, em ruínas, perdendo-se no horizonte em meio à escura fumaça da poeira e do fogo da destruição.


REFERÊNCIAS:
·         As troianas. Michael Cacoyannis. Grécia, EUA e Rússia, 1971.
·         Dicionário de mitologia Greco-Romana. São Paulo: Abril Cultural, 1976.
·         EURÍPIDES. Duas tragédias gregas: Hécuba e troianas. Tradução e introdução de Christian Werner. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

A última lágrima.

A última lágrima.

... Essa permaneceu ali por muito tempo
Já havia se acomodado ao lugar.
Mandava-a embora, mas...
Todas saiam e ela permanecia
Dona absoluta não se retirava.

De tanto estar ali se congelou
Ficando mais difícil sua partida.
Desculpando-se sempre
Por não ter lugar para uma pedra.
Um gelo amargo dali sair.

E todos os dias iam e vinham
Solitárias, deprimidas, desesperadas, amarguradas...
Somente a teimosa permanecia.
Mas agora senti entre tantas
Uma que me fez o olho doer.

Escorregou friamente pelo meu rosto
Abrandando o sofrido espírito.
Desabando sobre esta folha de papel
E tilintando neste rio de lamentação
Que aqui se formou.

Essa foi à última lágrima
A que derramei por ti, meu bem.
A mais doida e a derradeira
Que sobre meu rosto rolou
A que arrancou você da minha vida.