domingo, 16 de dezembro de 2012
terça-feira, 27 de novembro de 2012
O LAMENTO DO SAPO
VIDA BANDIDA
TRISTE E SOFRIDA
NESSA AVENIDA
EU VIVO A CANTAR
É ASSIM SEMPRE
EU VOU CIENTE
UM FIEL CLIENTE
DO MEU LABUTAR
QUANTO SOFRI
MEUS PÉS FERI
MAS EU SEGUI
SEMPRE A GALOPAR
COMO EU SOFRO
VOU COM MEU CHORO
SOZINHO CORRO
A ME LAMENTAR
COM MEU CHAPÉU
E O AMARGO FEL
PEDAÇO DO CÉU
EU QUERO ALCANÇAR
VIDA BANDIDA
É ASSIM SEMPRE
COM MEU SOFRER
A ME LAMENTAR
ASSIM O FRACO
COITADO DO SAPO
A BEIRA DO LAGO
A COAXAR...
sexta-feira, 31 de agosto de 2012
PARA RIR: EM UMA AGÊNCIA BANCÁRIA...
DEPÓSITO EM CONTA POUPANÇA.
- Moça, eu vim despositá na minha porpança.
- Quero adespositá na porpança.
- Coloque esse dinheiro na minha poupança.
- Você pode dar uma olhada na minha poupança?
- Eu queria saber quanto ta rendendo minha poupança?
- O que eu preciso pra abrir uma poupança?
SOBRE FGTS:
- Moça, você pode ver se meu fundo ta liberado?
- Quero receber meu GTS?
- Eu quero pegar o fundo.
- Vim tirar o fundo.
- Você pode ver meu fundo?
SOBRE SENHA SILÁBICA:
- Moça, eu preciso cadastrar uma senha alfa numérica.
- Eu preciso cadastrar uma senha sibalítica.
- Eu preciso cadastrar uma senha algébrica.
- Como eu faço pra cadastrar uma senha de letras numéricas?
Para uma senha silábica que contem Y pode-se ouvir : IPSEM, IPSO, ISPE, ISPESE, IPSON, IPS...
Um papelzinho com três sílabas sai da máquina e a pessoa grita: Moça, saiu umas letras japonesas aqui!
SIMULAÇÃO PARA UM FINANCIAMENTO HABITACIONAL:
- Você pode me fazer uma inseminação?
- Vim fazer um simulado.
SOBRE INSS:
- Moça, o que ta acontecendo que o SS não depositou meu pagamento?
- Eu preciso receber minha aposentadoria do Ieses.
- Moça, eu vim despositá na minha porpança.
- Quero adespositá na porpança.
- Coloque esse dinheiro na minha poupança.
- Você pode dar uma olhada na minha poupança?
- Eu queria saber quanto ta rendendo minha poupança?
- O que eu preciso pra abrir uma poupança?
SOBRE FGTS:
- Moça, você pode ver se meu fundo ta liberado?
- Quero receber meu GTS?
- Eu quero pegar o fundo.
- Vim tirar o fundo.
- Você pode ver meu fundo?
SOBRE SENHA SILÁBICA:
- Moça, eu preciso cadastrar uma senha alfa numérica.
- Eu preciso cadastrar uma senha sibalítica.
- Eu preciso cadastrar uma senha algébrica.
- Como eu faço pra cadastrar uma senha de letras numéricas?
Para uma senha silábica que contem Y pode-se ouvir : IPSEM, IPSO, ISPE, ISPESE, IPSON, IPS...
Um papelzinho com três sílabas sai da máquina e a pessoa grita: Moça, saiu umas letras japonesas aqui!
SIMULAÇÃO PARA UM FINANCIAMENTO HABITACIONAL:
- Você pode me fazer uma inseminação?
- Vim fazer um simulado.
SOBRE INSS:
- Moça, o que ta acontecendo que o SS não depositou meu pagamento?
- Eu preciso receber minha aposentadoria do Ieses.
sexta-feira, 24 de agosto de 2012
Tatuagens do Sofrimento
Pele branca macia e lágrimas vermelhas que escorrem.
Seu nome é Dor Angustia Medo Amargura e tantos mais.
Noites de amarguras e com medo.
O sofrimento é o causador de tão angustiante dor.
Dor que sai da alma através do próprio sangue.
Cada corte espera por outro e por outro e por outro.
E a pele branca e macia coleciona marcas que definem a imagem de um coração.
Onde está o responsável pela Dor Angústia Medo Amargura e tantos outros mais?
Se alguém o encontrar não receba seus presentes.
Eles podem ser tatuados assim como foram em uma pele branca e macia de onde escorrem lágrimas vermelhas.
sexta-feira, 27 de julho de 2012
Pintura na parede da paixão.
Dezesseis meninas cirandeiras
brincavam a cantarolar
A primeira fez-me apaixonar
A outra nem pra me encantar
A terceira quis me controlar
Aquela veio a falar besteiras
Para debochar a outra apareceu
Ela era bonita, mas não deu
Tímida, um sorriso e desapareceu
A do meio roubou um beijo meu
Por aquela correu desejos nas veias
A décima não sei porque fugiu
Sorrindo em meus braços caiu
Não a interessava e ela nem me viu
O calor da outra protegeu do frio
Aquela a me olhar sempre faceira
Mas ela entendeu minha fraqueza
Essa não se compara a beleza
E agora tenho certeza
Em qualquer lugar que esteja
É a mim que ela deseja
Para sempre assim seja.
terça-feira, 17 de julho de 2012
À minha Felicidade.
Diga, minha Felicidade,
como eu pude merecer
teu sorriso, teu olhar
e a tua sinceridade?
Todos os dias ao seu lado
meu coração se renova
para merecer seu amor,
sua beleza, minha rosa.
Os campos atravessei
e deles te trouxe flores.
A mais linda delas
é essa que te entreguei.
Minha alma é uma flor
que estava sofrendo.
A flor agora vive
em função do seu amor.
Diga, minha Felicidade,
como posso agradecer-te
por tão grande amor
e tamanha cumplicidade?
Quando profundamente
os seus olhos fitei
então compreendi
por você eu esperei.
Busquei o que agora encontrei.
Encontrei a paz que necessito.
Quando vejo o seu sorriso
eu sei que não resisto.
Transborda meu coração
do mais puro sentimento.
Meus dias com você
são a mais linda canção.
Diga, minha felicidade,
que minha alma viverá
ao seu lado a caminhar
por toda a eternidade?
terça-feira, 10 de julho de 2012
quinta-feira, 31 de maio de 2012
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
Resenha : No início era o “Desmundo”.
![]() |
http://www.livrariacultura.com.br/scripts/busca/busca.asp?palavra=desmundo&tipo_pesq=&tipo_pesq_new_value=false&tkn=0 |
MIRANDA,
Ana. Desmundo. 2. ed.São
Paulo:Companhia das Letras, 1996.
Em seu livro “Desmundo” lançado em 1996, pela Companhia
das letras, Ana Miranda – autora de vários romances, entre eles “Boca do
Inferno” em 1989, com suas obras traduzidas para vários países como Inglaterra,
Estados Unidos, Alemanha, Itália, Espanha e Suécia e ganhadora do prêmio Jabuti
em 1990 – apresenta a história de um grupo de órfãs enviadas ao Brasil, pela
rainha de Portugal, para se casarem com os primeiros colonizadores.
A história é narrada por Oribela, uma das órfãs, que expõe
o comportamento relacionado à moral e costumes de um mundo onde as mulheres
eram criadas para “servir” ao homem em tudo e de tudo o que ele necessitasse.
A palavra “servir” é repetida, pela narradora,
demonstrando as várias situações de escravidão não só para com a mulher índia,
mas a negra, a freira e a esposa. A mulher devia servir seu esposo “como um
padre na freira”.
A sequência da narrativa é dividida em partes que apresentam
a chegada das órfãs ao Brasil, a descrição da terra, o casamento de Oribela e
das outras órfãs, o fogo, como representação do inferno ao qual Oribela se
sentia inserida, a tentativa de fuga, o desmundo que representa um mundo diferente
aos avessos, a guerra, o mouro por quem a moça se apaixonou, o nascimento do
seu filho e a parte final.
Alguns destaques importantes são retratados a partir de
comportamentos e impressões da narradora, em relação ao índio, que reflete o
pensamento dos portugueses e invasores.
Os índios eram vistos como uns animais selvagens. “... Um
tanto de suas escravas, com grandes cestos na cabeça carregados e mesmo uns
filhotes fêmeas ou machos pendurados em suas tetas...”
O indígena é diferenciado do ser humano e tratado como
“natural”, como se não tivessem sentimentos. A “natural possui filhotes, as
escravas têm crias.
“...
A pobre Temericô enxergava tudo, parada na mata feito uma pedra, depois de
algumas gritas se curvou sobre a barriga e gemeu feito cantasse, uma coisa
estranha de se ver. Mandei assentar ao meu lado, o que ela fez. Não sabia que
Brasil sente dor.”(p.144)
Esta obra de Ana Miranda oferece um resgate
Histórico-Cultural a partir de uma rica pesquisa bibliográfica como A carta de Pero Vaz de Caminha, Duas Viagens ao Brasil de Hans Staden, Um tratado da cozinha portuguesa do século
XV e Um curso de Tupi antigo feito
pelo padre Lemos Barbosa, possibilitando, ao conteúdo lingüístico, do
livro, uma aproximação da linguagem usada pelo português da época.
Em meio a seus sofrimentos, Oribela descreve com riqueza
de tetalhes a paisagem de um mundo desconhecido.
“As
árvores agrestes muito rijas, aos seus pés nasciam uns vimes que subiam até o
mais alto delas como que mastros de navios e os seus ovéns. Lançavam odores de
bálsamos, de castanhas e grandes ervaçais, seus troncos choravam suavíssimos
licores, a mata era um pomar formoso de uns figos amarelos e frutas de espinho
que cobriam o morro, matas e mangues...”( p.94)
Alain Fressnot consagrou em filme essa obra literária,
levando ao cinema essa trajetória de descaso desmedido desvendado no
“Desmundo”.
Portanto ler “Desmundo” é ter a possibilidade de resgatar
a história do início da colonização do Brasil, com todo o seu contexto
histórico-cultural, e ter o privilégio de saborear a leitura de uma boa obra da
literatura brasileira.
Referência
Bibliográfica
MIRANDA, Ana. Desmundo. 2. ed.São Paulo:Companhia das Letras, 1996.
Referência
Filmográfica
FRESSNOT, Alain. Desmundo. Brasil: Sony Pictures.
Drama, 2003, 101 minutos.
Linguagem e estrutura em Cântico dos Cânticos e Marília de Dirceu
1
INTRODUÇÃO
É comum que se estabeleçam comparações
entre obras literárias famosas, porém, não é sempre que essas comparações
aconteçam entre uma obra literária e um livro Bíblico.
Este trabalho tem como objetivo encontrar
semelhanças de linguagem e estrutura entre os livros Cântico dos Cânticos, de
Salomão e Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga.
Para que se possam esclarecer essas semelhanças será
realizada uma breve elucidação histórica, sobre os personagens principais de
ambas as obras, e destacados trechos dos livros, a fim de comprovar as
similaridades.
Esse estudo será embasado nas explicações de
teóricos literários, incluindo o prefácio da obra Marília de Dirceu, escrito
por Rodrigues Lapa.
Espera-se, que esse estudo possa contribuir para com
os interesses das pessoas que buscam conhecimentos literários.
2
SALOMÃO E SULAMITA
Salomão, filho do Rei Davi, reinou 40 anos em
Jerusalém, sobre Israel, e foi considerado um homem muito sábio e, devido suas
grandes conquistas, muito rico.
Segundo a Bíblia Sagrada, Deus lhe mandara pedir o
que quisesse e ele lhe pediu sabedoria.
Era admirador das artes, possuía instrumentos
musicais e escreveu os livros bíblicos: Salmos, Provérbios, Eclesiastes e
Cântico dos Cânticos.
Conforme o livro de I Reis (11.1-3), Salomão teve 700 esposas e 300
concubinas, a maioria advindas dos reinos por ele conquistados, mas foram à
Sulamita que ele dedicou suas canções.
Escrito em Jerusalém, no ano de 1020 a.C., o livro
Cântico dos Cânticos, que em algumas traduções Bíblicas recebe o nome de
Cantares de Salomão, relata que Sulamita trabalhava, a mando de seus irmãos,
como guarda de vinhas.
O rei foi à vinha da família da moça e quando a viu se apaixonou. Salomão
a leva com ele, e a abriga em suas tendas e inicia-se um cântico nupcial.
É um livro poético, em apenas oito capítulos, onde
Salomão e Sulamita - seus principais personagens - dialogam sobre seus
sentimentos, auxiliados pelo coro que tem a finalidade de enfatizar a história
louvando o amor do casal.
3
DIRCEU E MARÍLIA
Dirceu – pseudônimo do poeta Tomás Antônio Gonzaga -
foi o cantor de Marília – nome dado pelo poeta à Maria Dorotéia Joaquina de
Seixas - uma moça de 15 ou 16 anos por quem o poeta, homem já experiente, se
apaixonou.
Através dos estudos realizados atesta-se que Tomás
Antônio Gonzaga teve várias paixões, mas foi ao seu grande amor, Maria
Dorotéia, que ele compôs suas liras.
Portanto, a obra Marília de Dirceu apresenta um
idílio amoroso entre a moça inexperiente e o homem maduro.
Gonzaga morava em Vila Rica, mas as coisas não
estavam bem em seu trabalho como ouvidor. Entrando em conflito com o governador
Luís da Cunha Meneses – homem autoritário – tornou sua situação bastante
delicada.
Após ser nomeado ao posto de Desembargador da
Relação da Baía começou a pensar em casamento com Maria Dorotéia quando, por
consequências de traições políticas, Gonzaga recebeu ordem de prisão do, então
governador, Visconde de Barbacena.
Foi enviado para a masmorra da Ilha das Cobras, de
onde continuou a escrever suas liras a sua amada. Os meses que passou nessa
masmorra foram vividos na esperança de que tudo iria ser explicado e ele seria
libertado para viver ao lado de sua Marília para sempre. Mas, depois de vários
meses de prisão, foi condenado a 10 anos de degredo para a cidade de
Moçambique.
Partiu sem dizer adeus a Marília, mas deixou
registrado, para sempre, o amor que viu afastar-se dele por consequência de uma
prisão injusta.
4
LINGUAGEM E ESTRUTURA DAS OBRAS
O arcadismo foi um movimento literário que aconteceu
entre os anos de 1.768 e 1836.
Conforme Tufano (1988, p.75), o arcadismo expressa
uma visão mais sensualista da existência, propondo uma volta à natureza e um
contato maior com a vida simples do campo, recriando as paisagens campestres de
outras épocas, com pastores e pastoras cantando e vivendo uma existência sadia
e amorosa, preocupados em cuidar de seus rebanhos.
Conforme Massaud (2001, p.225) a imitação dos
antigos, em pouco tempo transformada num dos postulados diletos dos árcades,
não queria dizer mera cópia servil, mas estímulo que um modelo de perfeição é
capaz de provocar na genialidade latente de um poeta ambicioso de atingir o
máximo de suas virtualidades.
Marília de Dirceu é uma obra na qual o desejo de
voltar a uma época - e essa época pode ser comparada a vivida no século XI
a.C., contexto histórico do livro Cântico dos Cânticos de Salomão, onde a
simplicidade da vida campestre é representada pelo pastoreio, vinhedos e jardins
- faz com que Tomás Antônio Gonzaga, apaixonado por Maria Dorotéia, se
apresente sobre o pseudônimo de Dirceu, pastor de ovelhas, e que também se
refira à sua amada como a pastora Marília.
Observe-se como Dirceu inicia seus cânticos.
“Eu, Marília,
não sou algum vaqueiro,
Que viva de
guardar alheio gado;
De tosco trato,
de expressões grosseiro,
Dos frios gelos
e dos sóis queimado.
Tenho próprio
casal e nele assisto;
Dá-me vinho,
legume, fruta, azeite,
Das brancas
ovelhinhas tiro o leite,
E mais as finas
lãs, de que me visto.”
(p.1)
Agora,
observe-se Sulamita e o seu amado dialogando em seu encontro:
Sulamita - Dize-me, ó
tu, a quem ama a minha alma: Onde apascentas o teu rebanho, onde o recolhes
pelo meio - dia; pois porque razão seria eu como a que erra ao pé dos rebanhos
de teus companheiros.
Salomão - Se tu o não sabes, ó mais formosa
entre as mulheres, sai-te pelas pisadas das ovelhas, e apascenta as tuas cabras
junto às moradas dos pastores.
(1.7-8)
Outro ponto em comum, nesses dois livros, e que faz
parte de suas estruturas são o aparecimento do coro - que em Marília de Dirceu
são enfatizados nos últimos versos de algumas estrofes e no Cântico dos
Cânticos se apresentam nas vozes das filhas de Jerusalém, que eram escravas da
realeza e serviam a noiva de Salomão.
Alguns exemplos em Marília de Dirceu:
Graças, Marília bela,
Graças à minha estrela!
(p. 1-4)
Marília, escuta
Um triste pastor.
(8-12)
São estes os sítios?
São estes; mas eu
O mesmo não sou.
Marília, tu chamas?
Espera, que eu vou.
(p.12-15)
Em Cântico dos Cânticos:
Volta, volta, ó Sulamita,
Volta, volta, para que nós te
contemplemos.
(6.13)
Que é o teu amado melhor do que o meu, ó
tu, mais bela entre as mulheres? Qual é a diferença entre teu amado e outro amado,
para que assim nos supliques?
(5.9)
Para onde foi o teu amado, ó tu, a mais
bela entre as mulheres? Para onde virou a vista o teu amado, e o procuraremos
contigo?
(6.1)
É possível estabelecer, também, semelhanças na forma
de expressar o amor às amadas, entre a linguagem de Salomão e Dirceu.
Dirceu:
“Os teus olhos espalham luz divina,
A quem a luz do sol em vão se atreve;
Papoila ou rosa delicada e fina
Te cobre as faces, que são cor da neve.
Os teus cabelos são uns fios d’ouro;
Teu lindo corpo bálsamo evapora...”
(p.2)
Salomão:
“Tu és bela, minha amada, tu és bela!
Teus olhos são como os das pombas por detrás de teu véu; teu cabelo é como o
rebanho de cabras que descem pelas colinas de Gileade.
Teus dentes são como ovelhas tosquiadas,
que chegam ao lavadouro, todas são em pares, não falta nenhuma delas. Teus
lábios são como fio escarlate, e sua linguagem é agradável, como um pedaço de
romã é tua fronte...”
(4.1-3)
Tanto Salomão quanto Dirceu descrevem suas amadas
através de comparações que fazem da história um destilar de romantismo.
Enquanto Salomão compara sua amada com uma fonte de
jardim, Dirceu descreve a face mimosa de Marília como as misturas purpúreas de
folhas de rosa branca e de jasmim.
Dirceu cita nomes de deuses gregos (Vénus, Cupido,
Palas) e heróis (Aquiles, Hércules, Homero). Salomão recorre a cidades ou lugares
conhecidos (Vinhas de Em-Gedi, Saron, Tirza, Sião, Torre de David) e para
expressar as qualidades de sua amada se utiliza de comparações realizadas com
coisas que, naquele tempo, eram muito preciosas (mirra, madeira do Líbano,
lírios).
5
CONCLUSÃO
A partir do trabalho
apresentado pode se concluir que são notáveis as semelhanças, estruturais e de
linguagens, entre o livro Bíblico Cântico dos Cânticos de Salomão e a obra
Marília de Dirceu de Tomás Antônio Gonzaga.
Mesmo
sem possuir muitos estudos, essas semelhanças não deixam de ser percebidas por
quem faz a leitura dessas obras.
Ainda que o amor entre Salomão e Sulamita tenha sido
consumado e o de Dirceu e Marília não tenha encontrado esse êxito, é importante
ressaltar que, ambos os livros, são histórias de amor marcantes e que podem
servir de base para estudos mais aprofundados sobre linguagem e estrutura
literária.
6
REFERÊNCIAS
- CANTARES DE SALOMÃO. A Bíblia de Promessas. Tradução de João ferreira de Almeida. 3. ed.Rio de Janeiro:JUERP/King’s Cross Publicações, 2006.
- CANTARES DE SALOMÃO. A Bíblia Vida Nova. Tradução de João Ferreira de Almeida. São Paulo: Vida Nova, 1995.
- CÂNTICOS DOS CÂNTICOS. Bíblia Sagrada. Tradução de Túlio Barros. Rio de Janeiro: Alfalit Brasil, 2002.
- GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu. 3. ed.Lisboa: Sá da Costa, 1968.
- MASSAUD, Moisés. História da literatura brasileira: Das origens ao Romantismo. 7. ed.São Paulo: Cultrix, 2001.
- TUFANO, Douglas. Estudos de literatura brasileira. 4. ed.São Paulo:Moderna, 1988.
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
RESENHA DA OBRA “A HORA DA ESTRELA”
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http://www.livrariacultura.com.br/scripts/resenha/resenha.asp?nitem=170729&sid=89301534414130468319735611 |
Em 1977, Clarice Lispector lança seu último livro, A hora da Estrela,
considerado sua obra mais surpreendente.
Em um romance metalingüístico, onde a literatura se discute por ela
mesma, a autora cria um autor modelo e começa a contar - o processo de se
escrever um livro - uma história dentro de outra história.
Apesar de sua estratégia de criar Rodrigo, o autor modelo, Clarice
Lispector não consegue se esconder e deixa transparecer sua presença. Numa das
passagens do livro, Rodrigo confessa ter , quando menino, se criado no nordeste
e depois vindo para o Rio de Janeiro, o que aconteceu também com a autora.
Nesse livro, narrado em 1ª pessoa, Rodrigo está escrevendo a história de
Macabéa. Uma nordestina de 19 anos, que mal tem consciência de existir. Viaja
para o Rio de Janeiro e arruma um emprego de datilógrafa. É apaixonada por Coca Cola e vive escutando a Rádio Relógio.
O autor modelo, durante todo o tempo indaga o leitor sobre como contar a
história da nordestina feia que, segundo ele, perdera os pais quando criança, e
fora criada por uma tia beata.
O interessante nesse livro é que os personagens são criados a serviço do
que se quer dizer, a começar pela pluralidade dos títulos, propostos para a
obra, logo no início do livro.
Aos poucos, Rodrigo, vai dando desfecho ao livro, sempre envolvendo o
leitor em suas dúvidas e maneiras de inventar sua história, mostrando ao leitor
o processo de compor um livro. Cria um namorado para Macabéa, o “cabra safado”
Olímpico, que se julga peça-chave, dessas que abre qualquer porta, e Macabéa,
conforme relata o autor, era na verdade uma figura medieval.
Quando se encontrava com o namorado, a nordestina contava-lhe as notícias
que ouvia na Rádio Relógio, ainda que não soubesse do que se tratava e
perguntasse a Olímpio, o qual desconhecia o assunto, mas orgulhosamente
humilhava a moça.
Olímpico não demonstrava satisfação nenhuma em namorar Macabéa e,
se não bastasse dar a Macabéa todas as qualidades ruins, Rodrigo decide fazer
com que Olímpio traia a nordestina com a companheira de trabalho dela.
Quando o rapaz lhe dera o fora, Macabéa pôs-se a rir, e Rodrigo explica
que a moça reage dessa forma por não ter se lembrado de chorar.
O autor modelo de Lispector
expressa seu cansaço por literatura, da companhia de Macabéa, Olímpico... , e
decide descansar, sozinho, retornando após três dias.
Sua história continua com Macabéa indo procurar madama Carlota para ver o
que o destino lhe reservava.
A cartomante informa-lhe que sua vida iria mudar assim que ela saísse
dali. Encheu a moça de esperanças ao revelar que um moço, alourado de olhos
azuis ou verdes ou castanhos ou pretos, estrangeiro, que parecia chamar-se
Hans, iria casar-se com ela. Madama Carlota continuou a enumerar as qualidades
do gringo, que conforme lia nas cartas, iria lhe dar muito amor.
Madama assegurou-lhe que sempre via a verdade nas cartas e contou para
Macabéa que a moça que havia saído de sua sala anteriormente a sua chegada,
saíra chorando porque o destino lhe reservava um atropelamento.
Ao sair do consultório de Carlota, a moça só pensava no “gringo” que
faria o seu destino ser maravilhoso.
“Então ao dar o passo de descida da calçada para atravessar a rua, o
destino (explosão) sussurrou veloz e guloso: é agora, é já, chegou a minha
vez!”
Uma Mercedes amarela pegou-a e ao cair, Macabéa viu que estavam se
cumprindo as predicações de madama Carlota, pois o carro era luxuoso. Ficou
descansando no canto da rua e pensando: “Hoje é o primeiro dia da minha vida:
nasci.”.
Rodrigo relata que a moça sofria como uma galinha de pescoço mal cortado
que corre espavorecida pingando sangue, mas diferente de uma galinha, Macabéa
lutava muda.
É essa a forma com que Rodrigo, instruído por Lispector, encontra as
palavras para anunciar a morte da sua Maca.
“E então-então o súbito grito estertorado de uma gaivota, de repente a
águia voraz erguendo para os altos ares a ovelha tenra, o macio gato
estraçalhando um rato sujo e qualquer, a vida come a vida.”
Ao terminar sua história, Rodrigo explica que sua Maca não passava de uma
caixinha de música meio desafinada.
E é com essa riqueza de linguagem, que as 87 página do romance “A hora da
estrela” podem ser consideradas um misto de criatividade e desenvoltura intelectual
de Clarice Lispector.
Mas o que deve ser experimentado, mesmo, é o prazer de se ler uma obra
rica em linguagem que é a temática, verossimilhante, da morte como única
certeza que se tem em vida.
LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. 23. ed. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
O punhal.
...E na calada da noite, atribuído de
imensa insônia, andava eu em “vai e vem” esperando o efeito da cápsula do sono.
Três batidas na porta como as de alguém
que sempre me visitava. Antes de abri-la chamei pelo nome da esperada, mesmo
sabendo que não poderia obter resposta alguma. Vi um copo com água sobre a
mesa, engoli uns goles enormes que desceram quase que me afogando. Pensei em
abrir a porta e ver se alguém estava com problemas, mas não seria prudente tal
ação. Voltei para o meu “vai e vem” e “vem e vai” até que novamente três
batidas. Com temerariedade abri abruptamente a porta e lá estava ela sentada na
cadeira da varanda. Ainda que eu tentasse não poderia lhe tocar, pois era
somente uma imagem sem matéria.
Senti-me estonteado. Talvez a cápsula me
trouxesse o efeito desejado. Não. Eram minhas forças sendo roubadas por um ser
sombrio que me atormentava. O mesmo ser que tantas vezes me sufocou com seu sentimento
insano, o qual chamava de amor, estava bem a minha frente com o punhal cravado
no peito olhando-me fixamente enquanto chorava lágrimas de sangue.
Encostei-me na parede tentando ficar em
pé, mas enquanto meu corpo deslizava-se lentamente lembrei-me de quando já
cansado de sofrer, traído e tendo que aceita-la diante de suas ameaças,
chamei-a até minha casa e ouvindo as três batidas a recebi com aquele punhal.
Agora, deitado naquele piso frio,
percebi que seus pés caminhavam em minha direção. Deitou-se sobre o meu corpo lentamente,
enquanto retirava o punhal do peito, e encostou seus lábios gelados nos meus atrofiando-me
os olhos e fazendo com que minhas lágrimas tão doídas pulassem como pedras
saltitantes e estrondeantes.
Com o mesmo punhal perfurou-me o peito,
enquanto ria da minha agonia, e levou-me com ela para continuar a aprisionar-me
com a insanidade do seu sentimento.
sábado, 21 de janeiro de 2012
Meu amor...minha dor...
Essa dor é tão doída e...nunca pensei que fosse doer tanto.
Enquanto a sinto vou pensando em uma maneira de me acostumar a sentí-la.
Parar não ameniza, andar não significa encontrar o caminho, chorar não leva a nada, gritar não é a solução.
As palavras só me indicam ações as quais não me apresentam solução alguma: parar, andar, chorar, gritar...Palavras são palavras...O abstrato necessita de algo concreto...A dor que sinto é apenas um signo e o significado da minha dor é você.
Então você é o motivo da minha dor e...se foi você que me contaminou com esse amor que dói tanto...então complete minhas reticências e apresente ideias ou sequências que adjetivem, com felicidade, esse amor...essa dor...
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
Testemunha dos segredos.
Lá está o Rei, belo e formoso, aquecendo os corações. Majestoso ele espalha sua magnificência sustentando a natureza.
Vem chegando a Rainha, a Dama da Noite, destilando sua formosura e clareando a escuridão.
O Rei abandona o trono e nele se senta a mais bela de todas. Nem mesmo as estrelas conseguem ofuscar o brilho da Rainha dos boêmios.
Casais apaixonados escondem seu amor proibido, mas lá está ela como testemunha das paixões.
Desiludidos embriagam-se por falta de esperança, deliram e dormem ao léu e não vêem a mais bela das damas.
Por um momento parece que a lua se esconde e um casal de amantes se envolve em um beijo ardente como se fossem apenas um, mas subitamente ela aparece e flagra a cena do amor proibido.
Ela é testemunha dos amores impossíveis, dos amores etenos, dos desejos momentâneos e dos inebriados que andam de um lado para o outro, sem terem o que fazer, até que o Rei apareça e os desperte da insensatez.
Pelo menos ela não pode contar os segredos dos desatinados e dos apaixonados corações!
Conivência.
...
E assim vamos seguindo.
Quando meu mundo desaba e a desesperança
é como o vinho que embriaga o coração. Quando olho, mas não vejo a beleza que
me cerca. Quando não consigo entender a harmonia do canto dos pássaros...
Quando sinto seu sofrer e seu pranto
inundando minha vida é o momento em que tudo fica mais desesperador.
Pergunto-me o porquê dessa angústia que assola
seus dias e que me faz sofrer as consequências de tudo.
...E assim vamos seguindo.
Você me diz que serei feliz e que todo o
sofrimento passará e me devolve a esperança quando diz que Deus está conosco.
Mas até quando sentirei essa dor
agonizante? E você por que me faz assumir o seu passado angustiante?
Por favor, não quero que se zangue
comigo, pois precisamos dessa união. Apenas quero desabafar esse desvario que
me envenena a cada dia.
Na dor e na falta de amor, às vezes,
pensamos que a esperança foge e temos que buscá-la num cantinho do nosso
coração e então a vida continua.
... E assim vamos seguindo...
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